terça-feira, 22 de março de 2011

Considerações Iniciais

Essa nova mídia digital globalizada levou embora os (bons?) anos de hipocrisia. Acabou a modéstia, agora está escancarado em todas as telas: TODO MUNDO QUER APAREC(S)ER. As tentativas de alcançar o sucesso variam de acordo com o bom senso, mas aqui vai um conselho: se você quer chamar atenção e não tem nada mais interessante do que "fui ao dentista" e genéricos para dizer, faça uma stripcam. O resultado é de alcance muito maior e não vai ter nenhum homem fingindo interesse no que você posta para te comer (Eles vão estar entretidos de verdade!). Agora se você, como eu, tem apenas um par pernas finas e um cérebro faça um blog e aproveite a impopularidade. Mas antes de empinar esse nariz cult bacaninha não esqueça que os meios não justificam os fins e, por fim, estão todos afim do mesmo holofote. Afinal, de onde surgiu esse desejo em seres que, teoricamente, deveriam apenas almejar a relés sobreviência e perpetuação da espécie?
Há séculos existem Aquiles. Embora antes se tratasse como glória o que hoje se chama de fama, a obsessão por ser lembrado para todo o sempre é a mesma. Claro que naquela época você precisaria ser um grande guerreiro, um santo ou um gênio enquanto hoje é só ser foda e postar no youtube. Desde que há história (e se vocês não estavam trocando bilhetinhos na 5ª série, vão lembrar que isso começa com o primeiro tosco boneco de palito (grande invenção!) desenhado em uma caverna) o homem, enquanto indivíduo, quer desesperadamente estar nela. O que é um pouco estúpido se você levar em conta que a história só fala do ponto de vista dos humanos, de verdades de humanos, da sociedade dos humanos e só será lida por outros humanos que nunca estarão tão interessados assim nos seus feitos porque estão ocupados demais em entrar pra história eles mesmos. Mas se nosso medo irracional de desaparecer é assim tão grande, vamos em frente com nossas abstrações antropocentricas e nossos sonhos de Highlander Matusalem. Não que eu duvide que os brilhantes avanços científicos nos permitam chegar um dia a platina dos 1000 anos (very beautiful)! Já que a vida na nossa sociedade é tão maravilhosa e cheia de sentido vamos adiar um pouco mais o fim. Como se não fosse esse o destino natural de tudo o que existe. Como se eu, você e Ele não soubessemos disso.
Homo sapiens, triste ambiguidade: o cérebro, sua grande arma de defesa é também sua ruina. Criamos uma realidade exclusiva (na qual acreditamos com uma certeza que lembra muito a tão criticada fé cega): nomeamos, dividimos, classificamos, igualamos. A Terra, os Seres, o Espaço, o Além, o Infinito (INFINITO é o cúmulo)! Criamos até as faltas: a pobreza, as doenças, a fome, a psicose, as tristezas. Dores de cabeça, meu amigo? Pensar é enlouquecer. (Em todo caso, tome tylenol) Tudo que te cerca nada mais é que fantasia humana, pequena e efêmera como nossos 200.000 (menos que o prêmio da raspadinha!) anos de existência.
Então, o que te aflige? Dinheiro? Papel! Amigos? Convenção! Amor? Hormônios! Aquecimento global? Francamente, quem vossa excelência é pra se preocupar com isso? Você que nem controle sobre si mesmo tem. Esquece essa história de salvar a humanidade, gaste seu tempo com coisas engraçadas! Além disso, o carbono é só uma dentre várias possibilidades de extinção. Os dinossauros caíram, eles tinham pele de lagarto e estruturas ósseas imensas. Quando for a hora o que vai nos salvar? Um cérebro?! Não, a evolução da vida não vai parar por aqui. Em breve esse tédio de gente acaba e não seremos senão peças de museu de um futuro muito mais interessante.

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